O cliente, que trabalha como administrador de uma empresa publicitária, queria uma vida ao redor de seus livros favoritos e outros objetos. Ele possuía um terreno de esquina em uma área residencial densa e consolidada, localizada em um bairro na parte alta de Tóquio. Como tivemos que maximizar o que conseguiríamos com este projeto usando o orçamento limite disponível, decidimos incorporar a estrutura de madeira ao projeto e trabalhar o piso, teto e paredes da casa como uma entidade completa e integrada – em resumo, uma casa onde toda a mobília e acessórios seriam construídos juntos.
Os espaços de armazenamento e prateleiras fazem uso da parede estrutural que cobre toda a fachada norte da casa, audaciosamente abrangendo do primeiro ao terceiro pavimento. A ideia foi tornar os livros em suas prateleiras como uma parte do sistema interior da casa. O lau (madeira tropical tipicamente usada em cosméticos), aplicado nas paredes e mobiliários, possui uma aparência delicada, enquanto a cor natural machada promove a impressão de uma superfície de madeira inacabada.
A iluminação natural transparece para dentro da casa através de janelas dispostas aleatoriamente e pela abertura zenital, criando um contraste marcante para o interior ligeiramente escuro. A quantidade certa de sombra é um complemento necessário para a beleza da luz, acima de tudo.
Enquanto o primeiro piso acomoda os quartos individuais, o segundo piso abriga uma escada espaçosa, e por fim, o terceiro piso consiste de um espaço amplo e único. O piso, as paredes e o teto apresentam acabamentos similares, resultando em um espaço contínuo que parece envolver os moradores em um ambiente acolhedor, como uma caverna.
A fachada vermelha, que se inspira no portão de entrada vermelho próximo da Universidade de Tóquio, mistura-se facilmente com o entorno arborizado. Apesar do fato de que esta é uma casa recém-construída, ROUGE consegue criar a impressão de que já fazia parte deste bairro há algum tempo – algo que foi alcançado graças a um equilíbrio racional que emerge dos limites de custo do projeto, das restrições legais e da humildade do cliente.